O Caminho do Bem-Aventurado

Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medida de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz é bem sucedido.
Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. (Sl 1)


Este salmo fala de caminhos, um tema de grande importância para nossa vida nos dias de hoje, pois cada vez mais temos a sensação de que o mundo está perdido. Terremotos aqui, incêndios ali, tempestades acolá, violência e atrocidade em todos os canais, exploração, mercantilização da miséria e total desrespeito à dignidade da pessoa humana são notícias comuns nesse lugar caótico e enlouquecido que chamamos de “nosso mundo”. Mas, apesar disso, o egoísmo parece crescer cada vez mais no coração dos homens.


É... o mundo parece mesmo perdido.


E não apenas o mundo de uma maneira geral, mas muitas vezes nos sentimos perdidos dentro da nossa própria vida. Sentimos que não sabemos qual o melhor caminho a seguir, qual a melhor carreira a percorrer, qual a escolha mais apropriada, qual é a decisão acertada. Sabemos exatamente onde queremos chegar, mas temos dificuldade de discernir qual o caminho a seguir.
Ao nos ministrar sobre isso, o salmo 01 nos traz três importantes princípios. São três cuidados, que devemos observar ao ponderar nossos caminhos. Ele diz que feliz (bem-aventurado) é o homem que, em seu caminho, “não anda segundo o conselho dos ímpios”.


Muitas das confusões que vivemos são frutos das nossas tentativas de viver uma vida dedicada a Deus, enquanto fundamentamos nossos passos nas coisas que vemos e ouvimos das pessoas. O homem natural tenta sempre definir a identidade e o estado das coisas ao seu redor através dos seus sentidos naturais, e as conclusões que ele tira disso parecem ser as mesmas que qualquer outra pessoa tiraria, e isso é confortável. No entanto, as coisas na nossa vida não são estabelecidas pelo que vemos, mas pelo que conhecemos pela Palavra de Deus através da Fé.

O Justo viverá pela fé (Hc 2, 4). O justo sabe que tudo o que todos os elementos que determinam sua identidade e os fundamentos de todas as coisas que ele vive estão estabelecidos na Palavra de Deus, e não no que as pessoas dizem. Por isso, não podemos fazer a opção pelos conselhos que parecem ser bom aos nossos ouvidos, em detrimento do que diz a Palavra de Deus.


O segundo cuidado mencionado no versículo 1 é não nos “deter no caminho dos pecadores”. O caminho dos pecadores é capaz de nos deter. Quantas vezes nós gastamos nosso tempo criticando o caminho dos pecadores, ao invés de amar os pecadores daquele caminho?


Ficamos tão detidos pelo caminho do pecado, que deixamos que ele se torne uma barreira a nos afastar do nosso irmão que está em pecado. Sustentando uma ojeriza ao caminho do pecado, quase sempre não sabemos como evitar o pecado sem evitar o pecador, e não percebemos que nisto estamos nós pecando.


Por fim, está escrito que o homem de caminhos bem-aventurados não se assenta na roda dos escarnecedores. Aqui, a palavra de Deus fala sobre ambiente. E essa é, de fato, a maneira de nos relacionarmos com os pecadores sem nos relacionarmos com o pecado.

Jesus andava com pecadores, mas não em ambiente de pecado. Quando ele se assentava com uma prostituta, ele fazia isso com uma mulher na condição de filha de Deus, e não na condição de prostituta. Quando se assentava com os corruptos publicanos, ele não estava em um ambiente de corrupção. O que Jesus fazia era, na verdade, levar para junto dessas pessoas um ambiente no qual elas poderiam discernir e optar por um caminho diferente. Era um ambiente que exalava o bom perfume da presença de Cristo, e não o mal cheiro do pecado humano.

No versículo 3, o salmista compara o caminho do bem-aventurado a uma "árvore plantada junto a corrente de águas”, o que nos leva a um paradoxo que beira o contra-senso: como caminha uma árvore plantada?


Em primeiro lugar, o principal aspecto de uma árvore bem plantada é exatamente a dificuldade de mudar o seu lugar. Por isso, nós cremos que o caminho do bem-aventurado não é o caminho que o leva de um lugar para o outro, de um emprego para o outro, de um relacionamento para o outro, sempre em busca de condições mais agradáveis.

O caminhar do justo o leva a buscar melhores condições desenvolvendo raízes mais profundas. É através de um compromisso mais intenso com a sua natureza em Deus e com a sua identidade que ele encontrará os minerais que o sustentará na sua jornada.


Neste caminhar, o bem-aventurado oferece sombra e abrigo àqueles que cruzam seu caminho. Ele não se ocupa só de si mesmo, mas entende como o cuidado com o próximo em Amor é parte essencial da sua caminhada com Deus.


E ele sabe que “no devido tempo” dará o seu fruto. Ele sabe aguardar as estações apropriadas, e não se desespera nem se precipita. Não há ansiedade.

Mas o ímpio não é assim (v. 4). Ele não tem compromisso com o que não lhe convém, por isso está sempre pronto a mudar de direção, conforme a sua conveniência (vide texto “A Medida da Individualidade”). Ele está sempre ocupado consigo mesmo. Ansioso, insiste em comer o fruto verde, e depois ainda reclama do sabor amargo das coisas!


Mas a maior diferença entre o justo e o ímpio é que enquanto o justo é espalhado como palha pelo vento do seu interesse pessoal (v.4), o justo permanece congregado em nome do seu amor ao próximo (v5).


Que o SENHOR lhe ofereça não apenas um objetivo novo, mas lhe faça discernir caminhos novos, em nome de Jesus!


Em testemunho da Verdade
--Danilo.

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