A Justiça do Perdão


"Do tronco de Jessé sairá um rebendo, e das suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR. Deleitar-se-á no temor do SENHOR; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres e decidirá com eqüidade a favor dos mansos da terra; (Is 11, 1-4)

O cetro do reinado de Jesus é o Cetro da Eqüidade (Hb 1, 8). Mas o que vem a ser eqüidade?

Ao contrário do que nos diz o senso comum, um reino de eqüidade não é aquele em que cada um goza do direito de exigir o que lhe é próprio; o Reino de Deus é um Reino de Eqüidade porque cada um atribui e defente prerrogativas a todos os demais.

A justiça de Cristo não é aquela que vindica e faz valer seus direitos, mas a que se entrega na mais absoluta dependência de Deus e intercede diante do Pai por seus adversários, atribuindo-lhes privilégios que não tem (Lc 23, 33-34).

Esta é a revelação da justiça de Deus em Cristo: Não que Cristo tenha nos justificado segundo qualquer direito que pudéssemos evocar, mas porque ELE nos atribuiu prerrogativas que jamais poderíamos possuir, se não fosse pela sua graça (Rm 3, 21-26). Somos todos pecadores, e se dependêssemos de merecer qualquer justificação da parte de Deus estaríamos perdidos!

Mas a graça de Deus se revelou salvadora em Cristo, que nos amou e manifestou a nós toda a dinâmica da justiça de Deus ao outorgar-nos o privilégio de sermos feitos filhos de Deus - não por direito nosso, mas pela sua misericória e graça. Por seu Amor.

Assim, testemunhamos que comungamos com ele e nos submetemos ao seu Reino ("venha a nós o Vosso Reino", lembra?) quando exercemos essa mesma justiça: atribuir aos outros direitos que eles não tem.

Isso se chama perdão.

Muitas pessoas querem condicionar o perdão ao mérito das pessoas. Dizem: "Fulano vai ter que merecer meu perdão". "Só o perdoo se ele mudar". "Só se ele vier até aqui e me pedir perdão". Contudo, nada disso reflete o Amor genuíno que Cristo nos ensinou. Por acaso, alguém havia pedido perdão quando Jesus proferiu as palavras registradas em Lucas 23, 34?

O ministério do perdão é aquele exercido em amor, sem condicionamentos. Assim como Cristo perdoou, nós devemos perdoar.

De fato, a ausência de perdão é algo terrível. Se Cristo nos perdoou a todos, como poderíamos negar perdão a alguém? Se o próprio Cristo morreu para que todos pudéssemos ser perdoados, ao negarmos perdão a quem quer que seja estamos negando os efeitos da morte de Cristo a essa pessoa! Estamos mitigando a eficácia do sacrifício de Cristo sobre essa vida!

Pedro nos disse que Deus fez de Jesus Senhor e Cristo na sua crucificação em nosso favor (At 2, 36) , de modo que negar o perdão a alguém equivale a negar a eficácia do sacrifício de Jesus a essa pessoa. É o mesmo que dizer que, sobre essa pessoa, Jesus não foi feito Cristo. E a Palavra de Deus diz que é exatamente esse o espírito do Anticristo (1Jo 2, 18-22). É isso mesmo: deixar de perdoar alguém é a revelação do espírito do Anticristo!

Toda vez que um relacionamento é quebrado no Corpo, isso depõe contra a Unidade e a Identidade da Igreja, comprometendo a eficácia do nosso testemunho. Jesus nos deu a glória que recebeu do Pai e o testemunho do Espírito Santo de que ele é o Filho do Deus Vivo para que sejamos Um e para que o mundo veja que ele é o Enviado de Deus (Jo 17, 20-21). Por isso, quando nossa falta de perdão compromete nossos relacionamento, nós prejudicamos esse testemunho.

Toda raiz de amargura que brota em nosso coração coloca uma nuvem de sombras sobre nosso testemunho, compromentendo a manifestação da Glória de Cristo através de nós, contaminando a muitos e impedindo que Deus seja visto em nós (Hb 12, 14-15).

A verdadeira justiça de Deus se revela na sua eqüidade, quando nós outorgamos a prerrogativa do perdão a todas as pessoas, independentemente do que elas tenham feito ou das suas opiniões sobre o que fizeram, limpando nosso coração de toda a amargura e permitindo que o Amor de Cristo, que a tudo perdoa, possa ser visto em nós e através de nós. É esse Amor que vai levar as pessoas ao arrependimento, e não o arrependimento que vai levar as pessoas a esse Amor.

Em testemunho da Verdade
--Danilo.

1 comentários:

Ludoana disse...

Dan, que texto maravilhoso!!! Nossa, muuuito bom! Temos conversado em nossa célula a respeito de viver o evangelho, e das dificuldades que encontramos em fazer isso. Falar que quando não perdoamos é negar o sacrifício de Jesus é tremendo...eu estava pensando nisso essa manhã, do quanto dizemos do amor de Deus mas agimos de forma contrária, sem temor.
Que consigamos cada vez mais viver na palavra e pela palavra. Com saudade docê e da sua noiva sumida, Ludo.

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