E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados; Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. (Efésios 2:1-10)
Todos conhecemos o conceito tradicional de "graça": graça é o favor imerecido que o homem recebe de Deus. No entanto, é preciso colocar tudo o que temos aprendido de Deus a serviço de uma meditação mais profunda; será que "graça" é apenas isso? "Graça" fala apenas de eu ser favorecido por Deus? Será que a graça de Deus se limita ao favor que Deus me fez quando perdoou meus pecados? A eficácia da graça na minha vida se limita a me favorecer de um modo que eu não merecia? Longe disso...
Graça fala de muito mais do que um favor. A Graça de Deus só é verdadeiramente eficaz na minha vida quando ela infunde em mim um novo caráter - o caráter de Deus; quando ela outorga a mim uma nova identidade - a identidade que Cristo compartilha com Deus; quando ela comunica ao meu coração uma nova natureza - a natureza de Deus. E o caráter, a identidade e a natureza de Deus é o Amor (1Jo4:7-17), de modo que tudo aquilo que Deus é, quando movido pelo Seu Amor, é a expressão da Sua Graça. Tudo o que é gerado quando o Amor de Deus se movimenta é Graça.
Graça pode então ser definida como a manifestação perceptível do invisível Amor de Deus, eficaz no cumprimento do seu propósito. Assim, sempre que esse Amor é traduzido e manifestado de forma a comunicar virtude e a revelar em nós o caráter, a identidade e a natureza de Deus (leia-se: o Amor de Deus), isso é Graça.
A Graça de Deus só será eficaz em nossas vidas na medida em que nossas vidas estão traduzindo e manifestando o Amor de Deus de forma a revelar um caráter, uma identidade e uma natureza recebida da parte de Deus, por intermédio de Cristo, e que agora também pode ser comunicada através de nós aos nossos irmãos. É disso que os versículos 4-7 desse capítulo 2 de Efésios está falando.
No entanto, muitas pessoas estão desprezado a oportunidade de ser uma evidência clara das "riquezas da Graça" de Deus neste mundo, exatamente porque estão esperando que Deus lhe conceda mais favor. Gente que quer de Deus apenas o seu favorecimento e não a nova identidade, o novo caráter e a nova natureza. Gente que quer que Deus lhes conceda o favor de mudar suas circunstâncias, mas não quer ter o seu próprio coração transformado. Não vivem a expressão de uma consciência que revele ao mundo a Graça de Deus, mas vivem apenas a expressar suas próprias des-Graças. Sim, porque se a Graça é a manifestação do Amor de Deus em nós, des-Graça é o contrário: é a manifestação do nosso egoismo (o oposto de Amor), das nossas demandas e dos nossos apetites.
Por isso, todo aquele que vive correndo atrás do favor de Deus, pensando apenas em se livrar dos próprios apertos e desconfortos ou saciar os próprios apetites, não está testemunhando de fé ou de Graça; mas apenas das suas des-Graças, pois vive de modo a manifestar a Deus aquilo que quer receber, e não a manifestar ao mundo aquilo que Deus já lhe entregou. Tratam-se de pessoas verdadeiramente ingratas, pois já tendo recebido a plenitude da Graça de Deus em Cristo, só quer saber do favor.
A verdadeira gratidão não está em ser agradecido; está na consciência de já haver sido agraciado. Por isso, ser grato não é dizer "obrigado"; Ser grato é ser a evidência da Graça. Senão, vejamos:
Ao contrário do que muita gente parece acreditar, "glorificar a Deus" não é "atribuir glória a Deus" (até mesmo porque somos absolutamente incapazes de acrescentar um grama sequer de glória a Deus). O que a palavra de Deus diz em Jo 15:8 é que "nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto", porque o propósito de Deus para nosso tempo na terra é que demos muito fruto. Essa foi a primeira ordem que Deus deu ao homem: "Frutificai" (Gn 1:28). Mas qual é o fruto que glorifica a Deus?
"Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de Deus" (2Co 4:15).
O fruto que glorifica a Deus são as "Ações de Graças". Isso é o que revela um coração genuinamente grato.
Se a Graça é a manifestação perceptível do Amor de Deus, as "ações de Graças" são os comportamentos, as atitudes, as posturas e as obras que traduzem essa manifestação de Amor. Ação de Graça não é se posicionar de maneira contemplativa diante de Deus a fim de ficar enaltecendo as características benéficas de Deus, dizendo de forma redundante como ele é "santo, santo, santo...", "bom, suave a agradável", ou o quão "bendito é Seu nome". Ação de Graças é empenhar nossa vida e tudo o que fazemos em traduzir de maneira mais eficaz o Amor de Deus. E nisso Deus é glorificado.
Nesse sentido, o texto de Efésios 2:10 diz que "somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas". Ao dizer que fomos "criados para as boas obras" o texto não diz que é pelas boas obras que seremos salvos, nem nada parecido (confira Rm 11:6); antes, diz que toda a criação deve manifestar de forma operosa aquilo que está na sua gênese e na sua essência. Assim, como tudo o que Deus gerou é bom, nós - que somos gerados por Deus em Cristo - devemos produzir aquilo que é bom (pois é pelo fruto que se conhece a árvore - Mt.12:33).
É tremendo ver como o texto diz que "Deus preparou as boas obras, para que andássemos nelas". Muitas pessoas se escusam de viver uma vida dedicada ao Amor ao próximo alegando que não estão preparados, mas o chamado de Deus não é para os "preparados". Deus preparou as boas obras para que TODOS andássemos nelas! Essas obras são as "ações de Graças", as quais glorificam a Deus. Entende agora porque a palavra de Deus diz que fomos criados para glorificar a Deus? É que fomos criados para viver uma vida de ações que revelam a Graça de Deus, e nisso o Pai é glorificado.
Que possamos TODOS viver um verdadeiro compromisso de ser a expressão da Graça de Deus, materializando em nossos relacionamentos e no nosso dia-a-dia as abundantes Riquezas da Graça de Deus, reveladas em Cristo. Uma vida que traduza o que está escrito em 2Pe 1:2: "GRAÇA e PAZ vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus Cristo, nosso Senhor".
Em Testemunho da Verdade
--Danilo.
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