Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. (Mateus 18:1-5)
“Quem é o maior no reino dos céus?”, perguntaram os discípulos. O Evangelho segundo Marcos nos diz que essa conversa começou porque os discípulos vinham discutindo pelo caminho, “disputando entre si qual era o maior” (Mc 9:33-34). Então, a pergunta que os discípulos realmente queriam fazer não era “Quem é o maior?”, mas sim “Qual de nós é o maior?” Sim, porque aqueles homens – que andavam com Jesus a tanto tempo; que conheciam tão bem a intimidade do Mestre; que não perdiam uma única pregação; que sabiam tanto a cerca da Palavra de Deus – não tinham dúvidas de que o maioral do Reino de Deus estaria entre eles. Afinal, eram eles os eleitos. Foi o próprio Jesus quem os escolhera. Eram seus apóstolos. Quem além deles seria candidato para a vaga de “O Maior No Reino Dos Céus”? (é, não há nada de novo debaixo do sol...)
Mas a resposta do Mestre foi incisiva! Ele chamou uma criança e a pôs no meio deles, como quem diz: “Este é o maior. Estão muito enganados se acham que só porque andam comigo e ouvem minha palavra vocês são maiores do que ele”.
Seja sincero: você acredita que o fato de conhecer a Jesus o coloca em alguma posição de vantagem em relação a qualquer outra pessoa deste mundo? Você acha mesmo que seu conhecimento da Verdade faz de você maior, melhor ou mais privilegiado aos olhos do Pai do que aqueles “pobres-coitados” que vivem se penitenciando ou se dobrando às imagens da sua própria ignorância? Pense de novo...
Nosso conhecimento de Cristo não nos faz maior; faz-nos menor. Esse conhecimento tem o condão de tornar o cuidado que temos com nossos próprios interesses menor do que o cuidado que devemos ter com os interesses dos outros. Ele torna a importância dos nossos apetites menor do que a relevância das necessidades dos nossos irmãos. Faz com que tudo o que diz respeito a nós mesmos diminua, para que o SENHOR seja glorificado...
Conhecer a Jesus não nos dá direitos ou privilégios sobre aqueles que não o conhecem. Antes, nos leva a uma posição menor do que a deles, pois passamos a ter a obrigação de dar a eles a sua porção do Jesus a quem conhecemos. Nas palavras de Paulo, nos tornamos “devedor(es), tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes” (Rm 1:14).
“Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não pregar o evangelho! E, por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo, para não abusar do meu poder no evangelho.
Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos, para ganhar ainda mais”. (1Co 9:16-19)
Aqueles discípulos queriam saber qual dentre eles era o maior no Reino de Deus, mas Jesus lhes disse: “Pra começo de conversa, se vocês não se converterem e não se fizerem como crianças, vocês nem entrarão no Reino de Deus” (Mt. 18:3).
Querer ser o maioral é coisa de gente que nem sequer se converteu ainda. Gente que ainda não entendeu as palavras do Jesus que andam seguindo; gente que não compreendeu o Caminho...
Quantos de nós tem gastado seu tempo e seus recursos para “crescer na fé” ou “crescer espiritualmente”, apenas para desfrutar de uma bênção maior, superar melhor um desconforto, adquirir “mais poder”, “mais unção”... enfim, ser “maior no Reino dos Céus”? Como dizia o eclesiastes, tudo isso é fumaça... é correr atrás do vento. É “vaidade das vaidades”...
A primazia no Reino do Pai está reservada para aquele que é humilde como uma criança (Mt. 18:4).
A humildade de uma criança se revela, dentre outras formas, nos pormenores da sua relação com seu pai. A criança não só depende de seu pai para tudo, mas também se agrada desta dependência. Uma criança tem orgulho de dizer a seus coleguinhas: “foi o meu pai quem me ensinou”.
Quantas vezes pensamos que já somos “gente grande”, e que não precisamos mais da orientação do Pai nosso que está nos céus? Quantos de nós tem achando que os ensinamentos de nosso Pai já se tornaram obsoletos? Gente que vive como se dissesse: “olha Pai, não me leve a mal, mas essas coisas do SENHOR só funcionavam assim no tempo da Bíblia! Hoje em dia o mundo mudou. Deixa que eu cuido dessas coisas, tá?” Gente que, se pudesse, aposentaria o Senhor da função de “Deus” e, como herdeiros do Pai em Cristo, assumiriam os “negócios da família”, determinando seus próprios processos, segundo suas próprias idéias.
São pessoas que se dizem filhos de Deus, mas não querem viver de fato como filhos; querem ser herdeiros. Gente que acredita que já conhece o suficiente da Palavra de Deus para definir seus próprios caminhos e tomar suas próprias decisões ao administrar seu “quinhão da herança”, exigindo da vida, dos céus e de dos outros os frutos que se julgam merecedores (lembra do filho pródigo?).
“Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus”, disse Jesus. A verdadeira grandeza está na humildade.
A humildade da criança não se revela naquela pseudo-autocomiseração de se declarar “o último dos mortais” ou o “pior dos piores”. Toda pretensa humildade que se revela na evidência das nossas próprias fraquezas é uma falsa humildade. A verdadeira humildade não se foca nas nossas debilidades, mas no reconhecimento da grandeza do Pai. O verdadeiramente humilde não vê a si próprio como menos, mas vê ao seu Pai como o máximo! Ele não gasta seu tempo falando que é pecador, não merecedor disso ou daquilo... mas ele gasta seus dias dizendo que Deus é merecedor de toda nossa obediência e devoção; que nosso Pai é digno de toda honra, e por isso vivemos sempre de modo a honrá-lo.
Nenhuma criança pensa que não vale nada; mas toda criança tem a convicção que seu Pai é TUDO, e vive de modo a manifestar essa convicção.
Ademais, quem melhor entende que a dádiva é um favor e não uma dívida? A criança, pois ela não precisa trabalhar pelo que come.
É esse o nosso desafio. Aprenda a humildade da criança, e descubra a nova perspectiva que chamamos de “Reino de Deus”.
Em testemunho da Verdade
--Danilo.
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